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FORMAÇÃO

E ATUALIZAÇÃO - SP

INÍCIO EM MARÇO DE 2018

Invertida na parede!

Prática inconsequente!

Texto preparado para o curso de formação de instrutores de yoga do André De Rose

 

Existe um tropeço que vem se alastrando atualmente, de forma endêmica e alarmante. E que tem me assustado de verdade, presenciar o aluno fazendo, a invertida sobre a cabeça (śīrṣāsana) (colocar link para a foto do śīrṣāsana) feita com o apoio da parede, isso é algo que realmente me arrepia todo quando vejo.

 

Para fazer essa posição, por exemplo, é necessário que o praticante desenvolva a musculatura do pescoço, ombros,braços e costas para poder sustentar o corpo nesse āsana. Quando o principiante treina essa técnica e ainda não possui força suficiente, por mais que tente, ele sequer conseguirá erguer os pés do chão, portanto, estará em segurança. Se mesmo que ele não consiga se erguer e é um praticante afoito que, por exemplo, resolva dar impulso, ele ainda assim estará mais seguro do que se estivesse fazendo na parede, pois a natureza é sábia. Se você não possui infra-estrutura necessária para executar a posição, você cai ao chão em segurança, porque para a natureza é melhor que você leve um tombo do que venha a machucar o pescoço ao permanecer apoiado sobre um conjunto sem condição muscular para tanto.

 

Observando um praticante antigo executando, veremos que para se manter de cabeça para baixo, ele contrai e ativa a musculatura dos braços, ombros, pescoço e costas, mantendo assim, a integridade dessa delicada estrutura e ainda assim não apóia a cabeça no chão. Isso não ocorre com alguém que faz a mesma posição sendo sustentado artificialmente, seja por uma parede ou mesmo pelo instrutor. Se usar a parede é ruim, com uma pessoa ajudando então é um desastre. Invariavelmente quando não caem os dois, alguém acaba se machucando. Já vi inúmeras vezes pessoas fazendo com apoio, assim que os seus pés tocam a parede e se sentem seguros, soltam à única coisa que não poderiam jamais relaxar... a musculatura do pescoço!

 

Por insistência minha desde a década de 1980 eu repito frequentemente para não fazer isso. qual não foi minha surpresa quando vejo gente executando no canto da parede, pois assim dizem os “experts” você não cairá de lado evitando assim quebrar o pescoço. Mas não! Não adianta fazer isso! O problema não é cair de lado ou outra coisa qualquer, é o apoio! Mesmo no canto o relaxamento dessa estrutura ainda pode lesionar os discos vertebrais.

 

Faça no chão longe da parede e de quaisquer objetos ao redor e lembre-se, a regra é clara: se você vai cair, não retarde a queda!

 

Por sorte ou algum tipo de intervenção divina, a maioria só fica com uma leve dor na região ou, no caso mais grave, um torcicolo. E sequer se dão conta do risco que esse procedimento representa ou mesmo que podem ficar com seqüelas irreversíveis, na melhor das hipóteses, o rompimento de nervos cervicais que podem levá-lo a tetraplegia no caso de um desequilíbrio ou queda lateral e no pior caso a morte. E se achar que estou sendo exagerado, faça uma breve pesquisa e vai ver que isso aconteceu mais de uma vez.

 

Qual a solução que algumas pessoas tiveram?

Bem...

Foi a mais preguiçosa possível.

Eles disseram: “Não vamos mais fazer o śīrṣāsana.”

Mas nem todas as escolas utilizam invertida sobre a cabeça, por exemplo, algumas escolas de kundalini yoga não ensinam.

 

Inclusive existem posições que oferecem benefícios semelhantes como: chakrāsana, pādahastāsana, uttāna chatuspādāsana.


Alguns exercícios não têm, nem podem ter atalhos. Fazem parte de todo um processo de estrutura, desenvolvimento de força, alongamento, equilíbrio e coordenação motora!

 

Determinados exercícios podem levar anos até que se conquiste a excelência técnica necessária para a sua execução, além de produzirem severas adaptações biológicas que vão desde o fortalecimento de partes esqueléticas com o deslocamento interno de material ósseo para fortalecer pontos de apoio e tensão, até aclimatações circulatórias onde as paredes de vasos e capilares são reestruturados para agüentar o aumento de pressão. Isso se chama resposta adaptativa e ela demonstra como a nossa espécie produz respostas fisiológicas adaptativas e evolutivas que são comuns a todos os mamíferos. Os resultados do treinamento demonstram que essa resposta pode ser ampliada, reforçando ainda mais o feedback fisiológico, e com isso, tornando a invertida muito mais segura.

 

A região cervical é setor da coluna vertebral que possui a maior mobilidade, justamente por isso é uma região propensa a ter mais lesões. Em uma pessoa adulta de porte médio, o pescoço e seus músculos suportam a cabeça com um peso que fica entre 10 a 15 quilos quando essa está de pé ou sentada e alinhada com a coluna, contudo basta você inclinar um pouco o corpo para ler, escrever ou mesmo mexer em seu smartphone e esse peso pode dobrar chegando a até 30 quilos, mas não se preocupe essa parte do corpo foi projetada para isso. Contudo um apoio incorreto da cabeça no chão, e você estará suportando o peso de todo o seu corpo, numa estrutura que foi feita para aguentar pouco mais de 30 quilos. depois faça o cálculo e vai perceber que de cabeça para baixo e com o apoio da cabeça no chão, durante a execução de uma invertida sobre a cabeça, facilmente você excede o peso em até três vezes o que seu corpo pode suportar.

 

Até o momento eu só falei o que não se deve fazer, então vamos ver juntos o que se deve fazer passo a passo para conquistar com segurança a invertida.

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